segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Apresentação: por que rock?

Esse é o blog do curso "Rock, Fantasia, Ciência e Política". A ideia do curso é, a partir das músicas de rock e das mídias a elas associadas (clipes, capas de discos) realizar uma discussão interpretativa de temas ligados à ciência e à política. O ponto de partida são as letras das músicas. É grande o número de letras de rock que apresentam temas políticos. Um dos exemplos mais conhecidos talvez seja Another Brick on The Wall, do Pink Floyd. A ciência aparece muitas vezes como um tema implícito, ligado à moderna sociedade industrial, mas em alguns casos aparece explicitamente como em Astronomy Domine, também do Pink Floyd.

Uma dúvida que pode surgir de imediato é porque a escolha do rock e não outro gênero musical. Em primeiro lugar, talvez, é porque eu gosto de rock. Claro que esse motivo não é suficiente, mas ajuda um bocado. A questão central, no entanto, tem a ver com a maneira como interpretamos os diferentes movimentos culturais, particularmente os ligados à música, que tem grande influência no comportamento. Há alguns movimentos musicais que, por sua própria origem, possuem um caráter claro de contestação, de contraposição às normas estabelecidas. Isso certamente vale para o rock e também para manifestações como o hip-hop e a própria MPB. A temática aprensentada nas canções está, claramente, identificada com as origens de tais movimentos. Embora seja possível, é muito difícil, por exemplo, encontrar, na chamada música sertaneja, temas de protesto. A origem desse gênero, que está em uma poética do cotidiano da vida simples do povo do interior, vai cada vez mais se direcionando a temas românticos capazes de agradar a um público mais diversificado até o ponto de se tornar um fenômeno de massas, que movimenta uma enorme soma de dinheiro. Por conta de sua história, a temática música sertaneja tende a se apegar a valores tradicionais, sem se contrapor às normas sociais estabelecidas.

O rock, por outro lado, fez um movimento de certa forma contrário, diversificando sua temática inicial essencialmente romântica. Mas mesmo os temas românticos que predominam nos Beatles, por exemplo, apresentam-se como contestação a valores conservadores e tradicionais. As canções se colocam como propostas de mudança comportamental, o que, como se sabe, muitas vezes provocou a fúria dos setores mais conservadores da sociedade.

O que diferencia o rock de outros movimentos musicais contestadores é talvez o caminho adotado na contenstação. A radicalização dos temas, que ganha força nos anos 1970, passa a abranger muitas frentes distintas de questionamento de valores. Um desses caminhos, que é também adotado por determinadas correntes literárias, é algo que podemos chamar de transcedência por meio da fantasia. Seres macabros ou míticos, situações apocalípticas, temas metafísicos começam a povoar as letras das músicas e refletem diretamente nas correspondentes melodias. Essa corrente do rock sai do plano do prosaico , do cotidiano, que é por exemplo, a matéria prima do hip-hop. É esse o ponto que iremos abordar no curso.  Em um próximo post apresentaremos o programa do curso ... sujeito, claro a alterações.

Um comentário:

  1. Podemos dizer que o Rock em todas as suas subdivisões como por exemplo, o Punk, o Psicodélico, o Heavy Metal e entre outros, é sinônimo de protesto político e religioso.

    Artur Roberto Viana Lacerda

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